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Bispos se reúnem para tratar dos desafios atuais da Igreja

Niela Bittencourt - Missa na Catedral foi um dos momentos mais emocionantes do encontro

A Diocese de Bagé sediou, pela primeira vez, o Encontro Fraterno do Episcopado do Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O evento ocorreu no Instituto Diocesano de Pastoral São José e reuniu, ao longo de três dias, o arcebispo e os bispos do Rio Grande do Sul em momentos de convivência, espiritualidade e diálogo pastoral. De acordo com a organização, trata-se de um dos momentos mais significativos da vida eclesial do Estado.


A programação contemplou momentos de oração, partilha das realidades das dioceses, análises pastorais e celebrações eucarísticas. O objetivo central foi fortalecer os laços de comunhão entre as Igrejas do Rio Grande do Sul e recuperar o sentido original dos encontros fraternos, marcado pela proximidade, pela escuta e pela cooperação entre os pastores.


Entre os destaques esteve a Santa Missa aberta à comunidade, realizada na terça-feira, 2, na Catedral de São Sebastião. A celebração foi presidida pelo Cardeal Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB. Antes da missa, uma coletiva de imprensa reuniu líderes religiosos e jornalistas para abordar temas tratados no encontro.


Durante a coletiva, o jornal Folha do Sul questionou quais mensagens do Papa Francisco e do Papa Leão XIV foram enfatizadas e quais desafios comuns as dioceses enfrentam atualmente. Dom Leomar Antônio Brustolim destacou que a formação de novos padres é um ponto crítico, especialmente diante de transformações sociais rápidas que também afetam a Igreja. 


Ele lembrou que, durante as enchentes no Estado, especialistas orientaram que o maior desafio no período pós-desastre seria a saúde mental da população — ponto que, segundo ele, exige atenção das dioceses.


"Nós não estamos imunes a esse problema. Isto significa não saber como lidar. Se cada um de nós tem família, ou tem trabalho, sabe: esse é o maior evento", contextualizou. 


"Tivemos uma reunião e alguém nos orientou, especialmente as Forças Armadas, que têm experiência nisso: 'Não gastem tudo em cesta básica, não gastem tudo em eletrodomésticos. Se preparem que o maior desafio do Rio Grande do Sul pós-enchente será a saúde mental'”, lembrou. 


Dom Leomar também citou a crise climática como um desafio crescente que impacta diretamente a rotina de todos. Ele relatou que, em Santa Maria, tradicional procissão precisou começar mais cedo devido ao calor extremo: “É muito fácil trocar o horário de uma missa. Difícil vai ser conter rios, barragens. Nós não vamos sobreviver de qualquer forma”, afirmou.


O Cardeal Dom Jaime Spengler, por sua vez, enfatizou o processo de escuta global proposto pelo Papa Francisco ao longo dos últimos anos, que resultou nas sessões do Sínodo de 2023 e 2024. Segundo ele, o documento final, fruto dessa extensa consulta, começa agora a chegar às comunidades. “Um documento, para nós, precioso. E está chegando nas nossas comunidades agora. E o Papa Leão XIV está dando continuidade a esse processo de como implementar isso, que depois de longo caminho realizado se conquistou. É uma proposta de trabalho, que não vai ser concluída em um, dois ou três anos", elucidou.


Para Dom Jaime, o grande desafio das dioceses gaúchas é transformar as reflexões do Sínodo em ações concretas junto às comunidades, respondendo às exigências de um tempo em constante mudança. “É algo de fôlego e nós aqui também, de alguma forma, sim, estamos tratando de como tornar isso realidade junto das nossas comunidades: uma Igreja mais simples, uma Igreja mais próxima, uma Igreja, eu diria, marcada verdadeiramente pelos valores do Evangelho. Não que não seja, mas os tempos mudam, as situações se transformam, e cada época apresenta suas exigências. E aí está o nosso desafio", acrescentou.


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