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Inadimplência

Endividamento cai no RS, mas comprometimento da renda preocupa

Joédson Alves -

A nova edição da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência das Famílias (PEIC-RS), realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) e divulgada pela Fecomércio-RS, mostra que o percentual de famílias endividadas no Rio Grande do Sul caiu para 86% em maio. Esse é o menor índice desde outubro de 2021 e representa uma melhora em relação a abril deste ano (87,8%) e ao mesmo mês de 2024 (88,8%). A coleta foi realizada em Porto Alegre, nos últimos dez dias de abril.  

A redução no número de endividados também refletiu em menos famílias com contas em atraso. Em maio, o índice foi de 26,6%, abaixo dos 27,5% de abril e dos 34,4% de maio do ano anterior. O tempo médio de atraso também diminuiu. Esse cenário positivo é atribuído a fatores como o mercado de trabalho ainda aquecido e a manutenção de programas de transferência de renda. No entanto, o percentual de famílias que não conseguem pagar nenhuma parte de suas dívidas, embora pequeno (1,8%), pode voltar a crescer caso se confirme uma desaceleração da economia.  

Apesar da melhora nos índices gerais, o comprometimento da renda das famílias endividadas aumentou. O percentual da renda comprometida passou de 27,1% para 28,7% entre maio de 2024 e maio de 2025. O tempo médio de pagamento das dívidas também subiu, de 6,3 para 7 meses. Esse movimento indica que, embora menos famílias estejam se endividando, as dívidas atuais estão mais pesadas e mais longas.  

Desde junho de 2024, houve mudanças no perfil dos endividados: caiu o número dos que se consideravam muito ou pouco endividados, enquanto aumentou o dos que se classificam como “mais ou menos” endividados. Segundo Luiz Carlos Bohn, presidente da Fecomércio-RS, isso mostra uma certa mobilidade: parte dos mais endividados conseguiu reduzir seus débitos, mas muitos dos que estavam pouco endividados viram suas dívidas crescerem.  

A pesquisa sinaliza uma contradição importante: menos inadimplência, mas maior comprometimento da renda. Com a entrada de novas modalidades de crédito, como o consignado para trabalhadores do setor privado, o alerta é de que o atual nível de comprometimento pode se tornar insustentável. Se a economia desacelerar e os juros continuarem altos, a tendência é de piora no cenário de inadimplência nos próximos meses. 

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