A Prefeitura de Bagé e o Ministério Público assinaram um aditivo ao contrato de compra e venda do Clube Comercial. Isso para regularizar pendências. O imóvel havia sido adquirido pelo município em 2020, "mas os compromissos contratuais de contrapartida, como a indicação de obras públicas e investimentos equivalentes a R$ 5 milhões, não foram cumpridos", como elucidou a divulgação do Executivo.  

Com o novo acordo, mediado pelo promotor de Justiça Cláudio Rafael Morosin Rodrigues, o município reconhece duas novas obras como parte da contrapartida: a construção das Unidades Básicas de Saúde (UBS) da Vila Brum e do Prado Velho, ambas em fase final de homologação de licitação. Os valores dessas obras serão abatidos do montante originalmente acordado.  

Além disso, o aditivo estabelece o prazo de um ano para que o município apresente o projeto de restauro do prédio, "que foi encontrado pela atual gestão em estado de deterioração, com estruturas comprometidas e acúmulo de lixo, o que inviabiliza qualquer uso imediato sem obras significativas", pontuou, ainda, o Executivo.  

Segundo o representante do antigo clube, Roberto Bandeira, o novo acordo encerra um impasse de anos. “Concluímos hoje uma negociação que repara pendências e garante a continuidade do compromisso assumido quando o clube foi vendido. Nossa preocupação sempre foi manter a função cultural do prédio, evitando que ele fosse parar nas mãos de uma iniciativa privada sem vínculo com a história da cidade”, disse.  

O promotor Cláudio Morosin ressaltou o valor simbólico da medida: “Esse ato representa um respeito à memória da população bageense, que viveu ali momentos marcantes. Mas também aponta para o futuro, porque busca transformar o espaço em um equipamento urbano vivo, acessível e apropriado pela comunidade”.  

A procuradora-geral do município, Thirzá Zanetti, afirmou que o novo governo busca garantir a lisura de todo o processo. “Estamos tratando com responsabilidade algo que tem enorme valor no imaginário popular. Nosso compromisso é cumprir cada etapa com transparência e garantir que o clube volte a ser um espaço público de cultura e pertencimento”, falou.  

Segundo a secretária de Gestão, Planejamento e Captação de Recursos, Julia Reschke, as UBSs que fazem parte da contrapartida já estão com propostas homologadas, e as obras devem começar em breve. “Ambas têm prazo estimado de 12 meses para conclusão. Paralelamente, estamos com o projeto de restauro do clube em elaboração, com entrega prevista até outubro, dentro do prazo de um ano estipulado no acordo”, detalhou. 

Já o coordenador de obras privadas e patrimônio arquitetônico da Geplan, Márlon Lameira, destacou que o prédio é tombado como patrimônio do Estado, classificado no grupo vermelho, de edificações de interesse histórico-arquitetônico, o que exige a realização de restauro completo, respeitando a originalidade do prédio, e não apenas reformas adaptativas. “Estamos com uma equipe técnica dedicada exclusivamente ao patrimônio, incluindo reforço com novas arquitetas. Nosso objetivo é tratar essa recuperação com o cuidado que ela exige", garantiu.  

O prefeito Luiz Fernando Mainardi finalizou ao destacar a importância do compromisso. “Um patrimônio tão importante na vida da nossa cidade precisa de uma destinação à altura. Sei que a cidade não é exatamente como na nossa casa, onde decidimos tudo sozinhos. Precisamos ouvir a população, discutir juntos e encontrar o melhor uso para este prédio, que seguirá com função cultural, como previsto no contrato”, enfatizou.  

Ao final da reunião, foi anunciado que a Prefeitura organizará uma roda de conversa com a população e representantes das áreas de patrimônio e cultura. O objetivo é discutir, coletivamente, propostas para o futuro uso do prédio restaurado.