Cinema
Filme dirigido por bageense destaca presença do candombe na fronteira

Evandro Rigon/Finish - Previsão de lançamento do longa é para o primeiro semestre de 2026
A cineasta bageense Adriana Gonçalves Ferreira é a roteirista e diretora de Tambor Sem Fronteiras, longa-metragem que será lançado em 2026 e retrata a chegada dos tambores afro-uruguaios ao lado brasileiro da fronteira. A obra destaca o candombe — expressão cultural afro reconhecida pela Unesco como Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade — sob a perspectiva da vivência feminina e fronteiriça.
As gravações começaram em 2015 e ocorreram em cidades do Rio Grande do Sul e do Uruguai, como Bagé, Santa Maria, Porto Alegre, Livramento, Rivera, Vichadero, Melo e Montevidéu. O filme é realizado pela Finish Produtora, de Santa Maria, com recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio do edital Sedac LPG 16/2023.
A inspiração para o projeto surgiu a partir da aquisição de tambores pelo ponto de cultura Pampa Sem Fronteiras, em Bagé, e da atuação de Adriana no cinema da fronteira. Com raízes uruguaias, a diretora afirma ter uma ligação emocional com o candombe, que define como uma cultura de união, liberdade e aprendizado com o povo afro-uruguaio.
O longa aborda temas como a integração entre brasileiros e uruguaios por meio do candombe, a representação feminina nessa cultura, e políticas públicas ligadas à produção de tambores. Grupos como os Grillos Candomberos, fundada em 2015, também têm destaque, assim como elementos do pampa, fundamentais para a identidade fronteiriça.
A previsão de lançamento do Tambor Sem Fronteiras é para primeiro trimestre de 2026.
Em detalhes
Adriana assina o roteiro e a direção do longa. A bageense é publicitária, cineasta, mestre em Patrimônio Cultural e doutoranda em Educação pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Ela detalhou que a ideia do longa-metragem surgiu a partir da aquisição de uma cuerda (jogo) de tambores de candombe (piano, repique e chico) pelo ponto de cultura Pampa Sem Fronteiras, em Bagé, e da militância no cinema de fronteira.
Para Adriana, que é natural de Bagé e tem descendência uruguaia, as vivências pessoais na fronteira foram essenciais para que se conectasse de maneira profunda com o candombe e os lugares onde essa cultura é celebrada. "O encantamento pelo candombe é algo inexplicável. Para mim, tudo que vem da cultura afro é forte. É sentimento e liberdade. O tambor transcende limites e o candombe não exclui ninguém. É uma cultura de união e força a qual admiro e me submeto aos aprendizados com o povo afro-uruguaio. Candombe é um sentir", pontua.
Segundo a roteirista e diretora do Tambor Sem Fronteiras, desde a concepção, o longa-metragem contou com diversas equipes, sendo a primeira formação criada a partir do Edital Sedac Cultura Viva. O projeto também passou pelo Laboratório Sur Fronteira na categoria work in progress no Festival Internacional de Cinema da Fronteira. Com a aprovação da iniciativa em parceria com a Finish no Edital Sedac LPG 16/2023 - Audiovisual, em 2024, uma nova equipe de trabalho foi montada, aproximando-se cada vez mais do objetivo de levar o candombe no contexto da integração fronteiriça para as telas de cinema.
"Recebemos a notícia (da aprovação) com muita alegria. Para nós, foi a constatação da descentralização da política direcionada ao audiovisual gaúcho. Essa conquista também representa a abertura de espaço para uma mulher do interior e da fronteira no cinema gaúcho e no cenário brasileiro, assim como a queda das barreiras geográficas no contexto da produção no Estado. Nosso objetivo é dar visibilidade para os tambores afro-uruguaios, a cultura da fronteira e o candombe. E com esse recurso, estamos fazendo isso", explica.
Enredo e lugares
Conforme a divulgação, entre os assuntos abordados pelo longa-metragem, estão a presença do candombe na fronteira, a relação entre uruguaios e brasileiros que admiram essa expressão cultural, a representação feminina neste contexto e a fabricação de tambores como política pública, entre outros pontos. "Nessa narrativa, alguns elementos e grupos se destacam, como o pampa, que é essencial da narrativa fronteiriça e a origem da Grillos Candomberos, fundada em 2015 e que inspirou o surgimento de novos grupos de candombe em municípios gaúchos".
Fica técnica
Com realização da Finish Produtora, o Tambor Sem Fronteiras tem roteiro e direção de Adriana Gonçalves Ferreira. A equipe do longa-metragem conta com Christian Ludke (direção executiva), Evandro Rigon (direção de produção), Luciano Santos (diretor de arte), Lívia Thomas (bailarina), Jean Mendes (coreografia), Rafael Rigon (direção de fotografia), Thiago Ribeiro (assistente de direção de fotografia), Matheus Leite (coordenador de trilha sonora original) Elisa Friedrich (identidade e concepção visual), Lufe Bollini (montagem), Silvia Cheron (financeiro), Luana Desconsi (tráfego e administrativo).
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