BAGÉ WEATHER

Pressões de Trump não vão barrar o julgamento de Bolsonaro no Supremo (parte 2)

Em sintonia com Trump e a extrema-direita global, Bolsonaro tenta deslegitimar as instituições democráticas do país e transferir a narrativa de julgamento do debate jurídico para o campo de disputa ideológica, ao se fazer de vítima de um complô entre STF, a imprensa e as lideranças políticas de esquerda. Sustenta que sua provável condenação será o prenúncio da repressão ao "cidadão comum". Com isso, reforça a narrativa de sua base mais radicalizada e procura desviar o foco dos fatos pelos quais é julgado. O julgamento em curso no STF tem respaldo constitucional e vem observando as garantias do contraditório e da ampla defesa.   

Na segunda-feira, o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, reiterou que o tribunal age com transparência, realiza sessões públicas, admite a participação da imprensa e assegura o acompanhamento por advogados. O ministro também refutou as acusações de censura às redes sociais. Barroso afirmou que as decisões da Corte sobre as redes sociais protegem a liberdade de expressão e são moderadas, se comparadas a modelos como o europeu. Argumentou também que, ao associar os julgamentos no Brasil a uma "ditadura judicial", Trump revela uma visão de mundo pautada pelo seu próprio autoritarismo e desconhece a realidade política brasileira, que vive em regime democrático pleno.    

Trump alegou perseguição a bolsonaristas residentes nos EUA e a empresas americanas por decisões do STF, para extrapolar os limites da diplomacia e exportar sua agenda protecionista e conspiratória. O posicionamento dos ministros do STF diante dos ataques de Trump, associado à manifestação diplomática do governo brasileiro, mostra firmeza e maturidade institucional. A defesa da soberania nacional exige que as instituições funcionem de forma autônoma e que os crimes contra o Estado democrático de direito sejam julgados com isenção.   

Segundo o ministro Gilmar Mendes, decano da Corte, vivemos um momento inédito de resistência democrática, em que a defesa dos preceitos constitucionais se tornou um imperativo civilizatório. As investigações demonstraram que a escalada golpista liderada por Bolsonaro não se restringiu a discursos inflamados. Envolveu setores das Forças Armadas, agentes públicos, tentativas de manipulação da opinião pública e o uso indevido de estruturas estatais.    

A PRF agiu seletivamente no segundo turno das eleições. Órgãos de inteligência do Ministério da Justiça foram usados para levantar dados contra adversários. Tudo isso está sendo cuidadosamente apurado em ações penais abertas e instruídas de acordo com os ritos processuais. Por essa razão, as pressões externas — ainda que muito ameaçadoras — não devem interromper, retardar ou deslegitimar o julgamento de Jair Bolsonaro e seus aliados. O que está em jogo é mais do que a punição de indivíduos: trata-se da proteção do Estado democrático de direito. O Brasil tem o dever, perante sua Constituição e a comunidade internacional, de demonstrar que as instituições são capazes de reagir a ataques à ordem democrática de forma legal, pacífica e institucional. Embora muito pressionada, nossa democracia é resiliente.    

Que o julgamento vai até o final, todos sabem — apoiadores e adversários políticos. Eu, dentro de tudo que tenho assistido, chego à conclusão de que as autoridades não querem outra condenação porque o objetivo é não liberarem Bolsonaro para concorrer. E isso já está garantido com a decretação de sua inelegibilidade. O resto vem depois. Para que outra condenação? Concordam ou não? Fui longe, mas... 

 


Pressões de Trump não vão barrar o julgamento de Bolsonaro no Supremo (parte 2) Anterior

Pressões de Trump não vão barrar o julgamento de Bolsonaro no Supremo (parte 2)

Pressões de Trump não vão barrar o julgamento de Bolsonaro no Supremo Próximo

Pressões de Trump não vão barrar o julgamento de Bolsonaro no Supremo

Deixe seu comentário