Inusitado
Animais silvestres encontram refúgio na 1ª Delegacia de Polícia de Bagé

Priscila Petrecheli - Policiais demonstram que cuidado vai além do dever
por Priscila Petrecheli
A 1ª Delegacia de Polícia de Bagé recebeu uma hóspede inusitada: uma coruja, que foi resgatada com o olho machucado há três dias, perto da ponte de Iemanjá. O fato chamou atenção por ser uma ave exótica, da espécie corujão-orelhudo. Entretanto, a coruja não foi a única hóspede diferente que fez da Delegacia seu lugar de descanso provisório até se recuperar, por lá já passaram desde gavião, quero-quero, bem-te-vi, pardal até gambás, que foram acolhidos após o resgate.
Ao Folha do Sul, a Comissária de Polícia Patrícia Coradini explicou que a Delegacia tem um espaço para receber os animais que ficam provisoriamente até estarem em melhores condições de saúde. Sobre o caso da coruja em específico, Patrícia conta que ela já passou por uma veterinária e estão esperançosos que seja possível que ela se recupere o mais rápido possível para voltar à natureza.
Quando não há essa possibilidade, os animais são enviados para Pelotas, no Núcleo de Fauna Silvestre (NURFS) da Universidade Federal de Pelotas. Ela cita como exemplo o caso de duas fêmeas de porco-espinho, do gavião e de alguns passarinhos que não conseguiram voltar para natureza devido a ferimentos. “Quando o animal consegue, por exemplo como aconteceu com o bem-te-vi, com vários pássaros que se recuperaram, a gente só deixa eles se recuperarem e já faz soltura”, explica Patrícia.
Quanto aos cuidados, ela relata que os policiais se dividem na lida dos animais conforme a afinidade com cada espécie e até mesmo escalas são montadas. “A Eliane (Hidalgo) tem muita facilidade de cuidar pássaros, eu sou mais mamíferos e a gente vai se dividindo. Final de semana a gente se troca, vai uma, vai a outra”, detalha.
E não é só no cuidado que há divisão de tarefas: a compra dos insumos, como comidas e remédios, são feitos com o dinheiro dos próprios policiais. Quando os animais precisam de atendimento, são encaminhados para o Núcleo Bageense de Proteção aos Animais (NBPA) para consultarem com a veterinária.
Há dois meses, o gambá Jorge Ruy foi resgatado após ser atacado por cães, num dia de chuva, com sinais de hipotermia. Jorge foi encontrado com mordidas na frente de uma loja de confeitaria. Após o resgate, ele foi levado para Delegacia, onde recebeu o primeiro cuidado: foi aquecido pela equipe. Depois, foi encaminhado para um veterinário e atualmente está na Delegacia recebendo mais cuidados.
“O Jorge não vai voltar para a natureza porque ele não consegue caminhar. Ele se arrasta, ele ficou com os membros traseiros [prejudicados] e afetou os nervos. Ele foi muito mordido, rasgou muito, [é de] difícil recuperação”, relata Patrícia.
Devido ao fato de Jorge não poder voltar para a natureza por conta da extensão de seus ferimentos, ele será encaminhado para o NURFS. No momento, os policiais estão esperando que as feridas de Jorge estejam bem cicatrizadas para ser levado.
Outro gambá resgatado teve um destino diferente: ele foi encontrado machucado e cego de um olho, além de ter lesões na cabeça. Porém, conseguia se virar sozinho ainda na Delegacia, se mostrando independente.
“Aquele olho não estava afetando ele. A gente via que ele estava super[bem]. Daí a gente soltou e foi bem feliz pela natureza”, relembra.
Patrícia explica que a comunidade pode ajudar, principalmente com remédios. Porém, quanto a comida, é anunciado o que precisa, por ser específica. Ela conta que o gambá Jorge Ruy come apenas frutas, enquanto a coruja, carne, por exemplo.
Ela ainda diz que não são grandes quantidades de animais que aparecem, mas que além da coruja e de Jorge, há um pardal. Mas há um pedido em específico que ela faz: caixa de transporte para animais, em bom estado, e enfatiza que é algo que precisam bastante para os resgates.
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