Educação
Entidades divergem sobre a suspensão do novo ensino médio
Gustavo Gargioni/Especial FS imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Debate sobre a implantação deve ser ampliado
O Ministério da Educação suspendeu por 60 dias a implementação do cronograma do novo ensino médio. A portaria com a suspensão foi publicada nessa quarta-feira no Diário Oficial da União. Algumas entidades educacionais divergem sobre a decisão.
A revogação do Novo Ensino Médio tem sido uma reivindicação de entidades estudantis e de muitos especialistas. No início do mês passado, o MEC abriu consulta pública para avaliação e reestruturação da política nacional de ensino médio, que ainda deve durar cerca de dois meses, com possibilidade de prorrogação.
"Essa comissão está se reunindo, teve quatro reuniões, nós estamos num processo de consulta, de discussão, para que a gente possa aperfeiçoar e melhorar todo o ensino médio", destacou o ministro da Educação, Camilo Santana, dizendo que essa revisão incorpora a participação de amplos setores da sociedade e dos governos.
"De forma democrática, vamos ouvir as entidades, vamos ouvir os estados que executam as políticas, vamos ouvir os professores, as entidades estudantis, para que a gente possa tomar decisões com responsabilidade", acrescentou.
Para o ministro da Educação, não houve orientação adequada na formação de professores nem adaptação de infraestrutura necessária nas escolas. "Não se faz uma mudança no ensino médio de um país de uma hora para outra. Isso é um processo".
Divergência
A decisão causou algumas opiniões contrárias. Para a reportagem do jornal Folha do Sul a presidente do 17º Núcleo do Cpers, Ana Lúcia Cabral disse que o período de suspensão deve servir para aprofundar os debates sobre o tema. “Sobre a questão do novo ensino médio, precisamos intensificar o debate com toda comunidade escolar, visto que muito tem que ser feito para chegarmos a uma proposta de melhoria na qualidade da educação”, afirmou.
Por outro lado, o Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe/RS) enviou uma nota para manifestar contrariedade à decisão. De acordo com a entidade, os alunos serão prejudicados, já que muitas escolas já implantaram a nova modalidade. “Entendemos que a interrupção do processo de mudança no currículo é um retrocesso injustificável e irá prejudicar os 365 mil alunos que, hoje, estão no Ensino Médio no RS, e merecem um ensino mais moderno, atraente e inovador. As escolas privadas se prepararam para essa implementação, com estudos e muitos investimentos para se adequar à proposta e, desde 2022, já estão implementando o novo currículo. Sabemos das dificuldades do ensino público, mas entendemos que com esforços e investimento as mudanças são possíveis de serem realizadas”, disse no texto.
Além disso, o Sinepe afirmou que a lei que instituiu o novo Ensino Médio segue vigente e o planejamento pedagógico de 2023 deverá ser mantido. “Só será possível uma suspensão definitiva através de uma nova lei que deverá ser aprovada pelo Congresso Nacional. Esta portaria, portanto, apenas suspende o cronograma de implementação e não a lei”, defende o sindicato.
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