Polêmica
Impasse em sepultamento expõe restrições em cemitério na Vila Industrial

Bagé 24h - Cemitério existe há mais de 130 anos na comunidade
Por Priscila Petrecheli
Foi impedido um sepultamento no cemitério localizado na Vila Industrial, em área pertencente ao frigorífico Minerva Foods, na manhã dessa sexta-feira, dia 27. A família não teria tido autorização por parte do Minerva Foods para adentrar ao local. Os familiares passaram com o caixão por cima de uma cerca para adentrarem ao cemitério. A informação é que não foi permitida a abertura de uma porteira para a passagem do caixão, mas que não foi impedido a realização do enterro.
Segundo informações de Paulo Moura, o sepultamento teria sido anunciado pela família e deveria ter ocorrido às 10h, porém atrasou devido ao fato de o cemitério estar localizado dentro de uma área privada pertencente ao frigorífico Minerva Foods.
Ainda segundo informações do comunicador, o cemitério é administrado por uma associação que mantém o local conservado. Além disso, para acessar o cemitério, o frigorífico teria exigido uma determinação de algum órgão público – e a família teria apenas a certidão de óbito como documento.
Equipes da Guarda Municipal foram acionadas. Segundo nota da Prefeitura de Bagé, a Guarda Civil Municipal foi acionada para acompanhar a situação, atuando na tentativa de conciliação, porém dentro dos seus limites legais e institucionais.
Outra informação é de que os representantes da associação mantenedora do cemitério estão há oito meses tentando dialogar com a empresa.
Prefeitura esclarece
Procurada pela reportagem do Folha do Sul, a Prefeitura de Bagé declarou por meio de nota oficial que o Cemitério, localizado na Vila Industrial, não é administrado pelo Município.
“A Secretaria Municipal de Assistência Social, Trabalho e Direitos do Idoso (Smasi) dá manutenção apenas a dois cemitérios da cidade: dos Azevedos e de São Martins, a qual também são privados. O que pode ter gerado a interpretação equivocada por parte de algumas pessoas”, esclareceu a nota.
Ainda confirmou que a área do cemitério em questão é particular, e que anteriormente pertencia à Marfrig e que agora é da empresa Minerva Foods. Além disso, a nota reiterou a informação de que o cemitério é mantido por uma associação comunitária, que, inclusive, já teria formalizado uma denúncia ao Ministério Público relatando uso histórico da área há mais de 100 anos.
“Desde que a nova empresa assumiu o controle da planta, foram impostas restrições ao acesso e proibidos novos sepultamentos, o que têm gerado impasses com familiares da comunidade. A Prefeitura foi oficiada pelo Ministério Público e respondeu que nunca teve ingerência sobre o cemitério e não há registros de posse ou gestão municipal em nenhuma gestão anterior”, diz a nota.
Por fim, a Prefeitura reiterou que a questão envolve uma área privada, cujas medidas de restrição não são de responsabilidade da administração pública, mas que segue à disposição das autoridades competentes para colaborar com o que estiver ao seu alcance.
Funerária não se manifesta
A reportagem também entrou em contato com a funerária responsável pelo sepultamento, porém, foi relatado à redação que não seria possível passar informações a respeito do caso.
Minerva Foods
O Folha do Sul ainda entrou em contato com a Minerva Foods, que enviou uma nota por meio da assessoria de imprensa.
“Informamos que o cemitério bicentenário da Vila Industrial, localizado dentro da nossa unidade de Bagé, está fechado para sepultamentos, por estar dentro de uma propriedade privada”, esclareceu.
Segundo a empresa, “em alinhamento com a Prefeitura local, viabilizamos que os sepultamentos sejam realizados no Cemitério municipal”. Visitas são permitidas, contudo. “Também estão permitidas as visitas de pessoas aos túmulos de seus familiares mediante a controle de acesso simples. Reiteramos nosso compromisso com a responsabilidade social e o apoio às pessoas e às comunidades onde estamos inseridos”, finalizou.
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