A tão aguardada fumaça preta — sinal de que o novo papa ainda não foi escolhido — só apareceu às 16h (horário de Brasília) dessa quarta-feira (7), com um atraso de uma hora e 50 minutos em relação ao horário previsto pelo Vaticano. Em conclaves anteriores, como os de 2005 e 2013, o sinal surgiu menos de uma hora após o início da votação. Para que o novo pontífice fosse eleito logo no primeiro dia, seriam necessários 89 votos dos 133 cardeais presentes — número que não foi alcançado.  

Com isso, novas rodadas de votação acontecerão nesta quinta-feira (8). Vale destacar que o conclave pode ter até quatro votações por dia, com a expectativa de fumaça branca caso o novo papa seja definido, ou novamente fumaça preta se ainda não houver consenso. Caso a escolha não ocorra após três dias, o processo prevê uma pausa de 24 horas para orações.   

É importante mencionar: este segundo dia de conclave será acompanhado com atenção, especialmente porque as últimas duas eleições — de Francisco, em 2013, e de Bento XVI, em 2005 — duraram apenas dois dias.  

Apesar da agilidade das votações recentes, a história da Igreja registra casos de eleições que duraram semanas ou até anos. Desta vez, 133 cardeais participam do processo, sendo sete deles brasileiros. Para a eleição, é necessário que um nome alcance dois terços dos votos. Se após 34 rodadas não houver definição, os dois mais votados entram em uma espécie de segundo turno, ainda exigindo a mesma proporção para a vitória.  

Em entrevista ao Folha do Sul, o bispo de Bagé, Frei Dom Cleonir Falbosco, comentou o clima do início do conclave: “O sentimento que temos neste momento é de comunhão e oração. Acreditamos que esse é o momento de Deus, que abençoará a nossa Igreja com um digno pastor”. Para ele, a escolha do novo papa vai acontecer neste segundo dia de conclave ou no terceiro. "Vamos rezar para que o Espírito Santo ilumine os cardeais”, afirmou.  

Dom Cleonir também destacou a importância da oração dos fiéis durante esses dias decisivos para o futuro da Igreja Católica. “Todos os cristãos católicos são convidados a estar em sintonia através das orações. Devemos rezar pelo futuro da nossa Igreja, para que seja sempre fiel à sua Pedra Principal, Jesus Cristo”. Para ontem, no final da tarde, estava prevista uma missa na Catedral de São Sebastião "em comunhão com o conclave". 

Entrevista​

FS - O conclave começou oficialmente nessa quarta-feira. E há grande expectativa por parte dos católicos. Qual o seu sentimento neste momento?  

Bispo Dom Cleonir - "Nesta quarta-feira, 7 de maio, iniciou o conclave na Capela Sistina do Vaticano. Os cardeais estarão reunidos e, depois de um momento forte de oração, de juramento de fidelidade, eles, em nome de toda a Igreja católica, vão escolher o novo pontífice, o novo Papa da nossa Igreja. O sentimento que temos neste momento é de comunhão e oração, pensamento positivo e confiantes. Acreditamos que esse é o momento de Deus, que abençoará a nossa Igreja com um digno pastor".  

FS - Seria bem improvável que na primeira votação já fosse definido um novo Papa, o senhor pode explicar por quê?

Bispo Dom Cleonir - "Eu acreditava que o Papa não seria eleito na primeira votação, nem no primeiro dia do conclave. Mas, se fosse escolhido no primeiro dia, nada de estranho, porque a Igreja vive um momento de sinodalidade, de caminhar juntos. Papa Francisco nos deixou esse bonito exemplo de comunhão, de participação e de missão. Mas eu acredito que a escolha do novo Papa vai acontecer neste segundo ou no terceiro dia do conclave. Mas, claro, vamos estar rezando para que o Espírito Santo ilumine os cardeais, que eles possam escolher com sabedoria e, com o Espírito Santo, o novo Papa da nossa Igreja. Assim que for anunciado, vamos acolhê-lo com muita alegria. Ele será o nosso Papa".

FS - Nestes dias, qual a orientação para os católicos de todo o mundo?   

Bispo Dom Cleonir - "Nestes dias de conclave, todos os cristãos católicos são convidados a estar em sintonia através das orações. Temos uma oração própria para que todos possam rezar. Rezar pelos cardeais que, em nome de todos os cristãos católicos, terão a missão de eleger o novo Papa. Em nossas orações devemos rezar pelo futuro da nossa Igreja, que seja sempre fiel a sua Pedra Principal, Jesus Cristo".