Solidariedade
Bageenses se mobilizam por tratamento ocular de Davi Lucca

Arquivo pessoal - Mãe de Davi está emocionada com solidariedade dos bageenses
Por Priscila Petrecheli
A mobilização em prol de Davi Lucca, de apenas 4 meses, tem ganhado força na cidade. O pequeno nasceu com hipoplasia do nervo óptico e, recentemente, foi diagnosticado com albinismo ocular. Ambas as patologias podem levar a problemas sérios de visão.
A mãe de Davi, Laíssa Ximendes, relatou que, quando Davi tinha cerca de 1 mês, notou que o olho dele fazia movimentos rápidos de um lado para o outro.
“Achamos estranho, porque eu tenho uma guriazinha de 6 anos e ela nunca fez isso. A gente foi na pediatra, perguntamos para ela e ela disse que era normal, porque ele estava criando a visão dele. Ele era muito bebezinho”, lembra Laíssa.
A mãe relata que a perspectiva era de que aos 4 meses o movimento iria parar, porém não aconteceu. David, então, foi encaminhado pelo SUS para o oftalmologista no Hospital Universitário (HU), onde foi diagnosticado com hipoplasia do nervo óptico, que pode afetar 100% da visão do pequeno.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica, a hipoplasia do nervo óptico é uma condição congênita na qual o nervo óptico é subdesenvolvido ou pequeno.
“Eu saí dali desolada, chorando e tal. No outro dia, eu falei: 'Não, eu preciso pensar o que eu vou fazer. Não adianta chorar, eu preciso agir”, recorda Laíssa.
Devido à demora para marcar exames pelo SUS, Laíssa optou por juntar dinheiro com ajuda de familiares. “A gente tem pressa, porque estamos lutando contra o tempo - até os 6 meses da criança, é quando forma a retina”, fala.
Numa consulta a um neurologista bageense foi descartado problemas neurológicos em Davi, porém o médico indicou que a família buscasse atendimento em um oftalmologista especializado. Em novo atendimento com oftalmologista, no mesmo dia, foi confirmado a hipoplasia do nervo óptico.
Laíssa ainda buscou atendimento especializado em Bagé antes de ir à Porto Alegre, porém não ofereciam atendimento para a idade de Davi.
Doações
O exame Potencial Evocado Visual com varredura é do tipo não invasivo, que avalia a integridade das vias ópticas e a função do nervo óptico. Será feito no dia 23 de junho em São Paulo. Segundo Laíssa, o valor é de R$ 1.440, porém conseguiu desconto ao pagar no Pix.
A partir disso, a família começou a fazer ações na internet. "Eu contei a história do Davi, e naturalmente as pessoas começaram a doar, começaram a pedir o Pix. Aí eu nem tinha aberto ainda um Pix”, conta.
Laíssa diz que várias pessoas começaram a doar e empresas a buscaram para doar produtos, salgadinhos, bolo, ovelha, tendo sido feito até uma rifa.
“Foi muito rápido, e foi muito bonito, porque todo mundo abraçou a causa, e ninguém conhecia o Davi", comemora.
Já foram arrecadados mais de R$ 6 mil, que já estão sendo utilizados para custear os exames. Laíssa faz questão de frisar que posta continuamente atualizações do estado de saúde de Davi, fazendo sempre uma prestação de contas.
“Estamos sempre buscando pelo menor valor de tudo e tudo que a gente consegue fazer pelo SUS, estamos fazendo pelo SUS. O que não conseguimos, que vemos que vai demorar muito, estamos optando pelo particular, mas a gente está tentando administrar tudo com mais cautela possível. É uma jornada muito longa. Então a gente vai precisar de dinheiro. Estamos ajustando tudo para poder conseguir fazer tudo”, esclarece.
Além do valor do exame, o custeio das viagens – como passagens, hospedagem e alimentação - também precisava ser resolvido. Laíssa e o padrasto de Davi, Gustavo, ganharam a passagem de volta. “A gente comprou por preço de custo e essa mesma agência que nos presenteou, a agência vendeu para a gente por R$ 360”, diz.
Exames
Em consulta no Banco de Olhos, em Porto Alegre, foi acrescentado mais um diagnóstico: o albinismo ocular. A patologia causa alterações na produção de melanina, o pigmento que dá cor aos olhos. E foi feito um novo encaminhamento, ainda em Porto Alegre, para uma neuropediatra oftalmológica.
“Ela não tinha data na agenda, só mais para a frente. A gente pediu oportunidade para ela porque a gente não era da cidade, explicamos a situação. Ela abriu espaço na agenda e pediu para manter o exame lá de São Paulo. Falou que é para a gente fazer o exame e aí levar o resultado para ela. Depois que esse exame ficar pronto, ela quer fazer o de genética, que a gente consegue estudar todos os nossos genes, meu, do pai do Davi”, explica.
Laíssa conta que, dependendo da gravidade do caso, o diagnóstico do albinismo ocular pode ser revertido - porém não o de hipoplasia do nervo óptico.
Futuro
Laíssa frisa que a cidade de Bagé é solidária. “As pessoas chamaram, doaram muitos prêmios. A gente acha que tem mais de 60 prêmios”, diz. Ela fala que ainda pretendem realizar um bingo e uma rifa.
“Eu estou muito contente que o pessoal abraçou a causa e está fazendo tudo para ajudar o Davi. É muito emocionante de ver”, conclui.
Como ajudar
A chave Pix disponibilizada para doações é o número (53) 9 9952 4877, em nome de Julio Cesar C. Ximendes, pelo Banco Sicredi. Segundo os organizadores da campanha, cada valor doado faz a diferença.
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