Memória
Calvet: jogador, presidente e treinador

Acervo Guarany - Calvet morreu em 2008, em Porto Alegre
Pouquíssimas pessoas ficam marcadas pela trajetória e dedicação a um clube de futebol. Mas Raul Donazar Calvet conseguiu isso com o Guarany Futebol Clube. Além de uma vencedora trajetória como atleta do clube, do Grêmio e do Santos, Calvet ainda foi presidente e treinador do alvirrubro bageense.
Nascido em Bagé, no dia 3 de novembro de 1934, foi profissionalizado pelo Guarany em 1952, com apenas 18 anos e um mês. A estreia ocorreu em 19 de dezembro de 1952, na derrota por 3 x 2 para o São Paulo, em Rio Grande.
Para quem não sabe, Calvet começou como ponta, atacando. Fez alguns jogos nesta posição e, depois, recuou para o meio-campo e, na sequência, para a posição de zagueiro, onde se consagrou mundialmente.
Com a camiseta do Guarany, fez 113 jogos e não marcou nenhum gol, já que, em mais de 90% do tempo, jogou na defesa e, na época, dificilmente estes jogadores subiam para o ataque.
Em 1958, foi vice-campeão gaúcho, campeão do interior e da Taça Cidade de Bagé, título que também conquistou em 1956.
Tendo destaque enquanto jogava pelo Guarany, foi indicado para o Grêmio pelo técnico Oswaldo Rolla (Foguinho), em 1955, e foi para Porto Alegre. Mas, como era escalado como centromédio, posição que não era a preferencial, e pela falta de adaptação da família na capital, Calvet retornou para o Guarany, onde ficou até 1959. A última partida com a camiseta alvirrubra foi em 14 de junho de 1959, na vitória por 4 x 0 contra a Seleção de Melo, no Estrela D’Alva. Marcaram os gols do Guarany Max e Naninho, e dois gols contra, um de Chavert e outro de Quimbos.
Em 1959, Foguinho pediu a volta de Calvet, que só topou retornar para Porto Alegre com a condição de um contrato curto e retorno breve para Bagé. Foi campeão citadino pelo Grêmio em 1956 e 1959.As ótimas atuações pelo tricolor gaúcho foram vistas pelo Santos, de Pelé, que atuava em muitas partidas oficiais e amistosos e necessitava de um grande número de atletas para revezarem.
E foi aí que veio a grande consagração de Calvet. A história conta por si só. Foi tetracampeão paulista e brasileiro de 1961 a 1964 e bicampeão da Libertadores e Mundial em 1962 e 1963 (derrotando Benfica e Milan, respectivamente).
Apesar de não ter jogado uma Copa do Mundo, foi convocado 11 vezes para a Seleção Brasileira.
Em um treino na Vila Belmiro, em 1964, e sem medicina avançada na época, abandonou a carreira aos 30 anos, após romper o tendão de Aquiles. E Calvet voltou para o Guarany, tendo treinado o clube em 1971, em oito jogos.
Em 1992, se elegeu presidente do clube. Na pré-temporada, três técnicos foram contratados, mas nenhum ficou, por variados motivos. Com isso, Calvet virou técnico-presidente por 10 jogos. Neste ano, o Guarany foi até o octogonal final da Divisão de Acesso, mas não conseguiu o acesso para a Divisão Especial.
Faleceu em Porto Alegre, onde tratava um câncer, mas a causa da morte foi uma pneumonia, no dia 29 de março de 2008. Era irmão de Carlos Calvete, também jogador do Guarany, que faleceu em 31 de dezembro de 2011 e também será personagem nas páginas do Folha do Sul, em breve.
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