A Fábrica de Gaiteiros, projeto social idealizado pelo renomado músico Renato Borghetti, celebra a plena retomada de suas atividades em Bagé em julho de 2025. Após um período de interrupção entre 2020 e 2024, a iniciativa, que visa incentivar o interesse pela gaita de oito baixos e promover a inclusão social, reabre suas portas para 70 novos alunos. 

Instalado em Bagé em 2014, o projeto é uma parceria entre o Instituto Renato Borghetti e a Prefeitura de Bagé, por meio da Secretaria Municipal de Cultura. Sua missão vai muito além da fabricação de instrumentos, confeccionados com madeira certificada de eucalipto: a Fábrica de Gaiteiros abre um novo universo de possibilidades para dezenas de crianças e adolescentes.  

“A Fábrica impulsiona a autoestima, o espírito de coletividade e a capacitação musical das crianças de Bagé”, destaca o secretário de Cultura, Zeca Brito.  

Atualmente, o projeto está presente em 25 unidades de ensino nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, distribuídas em 23 municípios, incluindo cidades como Guaíba, Porto Alegre, Lages e Blumenau. Em 2024, a iniciativa reuniu 670 alunos entre 7 e 15 anos, somando mais de dois mil estudantes desde sua criação em 2002. 

A voz dos novos gaiteiros 

Os novos alunos da Fábrica de Gaiteiros na unidade Bagé já demonstram entusiasmo e aptidão. Cândido Batista, um dos jovens talentos, compartilha suas impressões sobre as aulas: "As aulas estão muito boas. Por causa do tio Borghetti, de todo mundo que vem aqui. Ele [Renato Borguetti] é legal!". 

Marjorie Fernandes Pinheiro, outra dedicada aluna, também expressa sua satisfação. Para ela, a música traz um sentimento de alegria: "Quando eu toco música, eu me sinto divertida". 

A história de paixão pela gaita da Fábrica de Gaiteiros também se reflete em alunos mais antigos. É o caso de Clarice Rodrigues, que conheceu o projeto em 2019, quando a Fábrica esteve na Biblioteca Pública de Bagé. "É um instrumento que eu gosto desde pequena. Eu sempre gostei de gaita e eu pretendo continuar nessa carreira. Não sei explicar, mas eu me sinto feliz", garantiu. 

Novas alunas, como Valentina de Borges e Sofia Lopes, também compartilham suas motivações e sentimentos. "Eu me sinto feliz, eu me sinto com o coração limpo, assim. Eu gosto muito de tocar, assim, desde pequenininha. Eu gostava muito e me sinto feliz", diz Valentina. Sofia completa: "Eu também me sinto feliz, não sei, no momento, explicar muito bem, mas também me sinto feliz porque é uma coisa que eu gosto". 

O entusiasmo das famílias 

A retomada da Fábrica de Gaiteiros em Bagé é motivo de grande alegria para as famílias dos alunos, que vêem no projeto uma oportunidade de perpetuar a cultura gaúcha. Márcia Freitas Pereira Batista, mãe ds Cândido, expressa o significado do projeto para sua família: "A gente gosta da cultura, a gente adora uma gaita, a gente está tentando passar para ele o nosso gosto. A gente já participa de cavalgadas, a gente é toda a família gaúcha. Quando surgiu a função da Fábrica de Gaiteiros, eu já fiquei assim, na expectativa. Tomara que continue sempre". 

Ellen Bitencourt, tia da Marjorie, compartilha a trajetória da sobrinha e a importância do projeto: "A mãe dela canta e ela sempre esteve nesse meio de bateria, violão... E aí surgiu a Fábrica de Gaiteiros e ela fica todos os dias animada: 'Vamos, vamos lá, tá na hora da aula!'. 

Aline, mãe de Clarice, ressalta a importância da atividade musical para o desenvolvimento das crianças: "Eu acho importante porque aprender a tocar gaita é muito bonito. A gente se sente muito feliz, né? É o orgulho nosso".  

A reabertura da unidade Bagé, ocorrida em 14 de julho com as primeiras turmas, marca um novo capítulo para a comunidade local. As aulas, divididas em 17 turmas com 70 alunos inscritos, acontecem de segunda a sexta-feira, nos turnos da manhã e tarde, no primeiro piso da Casa de Cultura Pedro Wayne, e se estenderão até 6 de dezembro.