O Brasil está agindo da forma mais adequada? (parte 2)

A nossa diplomacia é das melhores do mundo. Ela estaria à frente das conversações? Essa é a questão a saber.
Como o senhor enxerga toda essa situação jurídica, política, econômica e diplomática entre o Brasil e os EUA? Ocorre um grave erro por parte do presidente Trump, na minha opinião. Ele está fazendo guerra contra aliados tradicionais, contra amigos dos Estados Unidos — e isso está ocorrendo relativamente a inúmeros países europeus e asiáticos —, que acabarão caindo na área de outro império que está a surgir como potência econômica. É uma pena.
Quais as origens desse conflito?
Diversas as origens. A principal, entretanto, está na personalidade do presidente americano.
O senhor concorda que está havendo lawfare contra o ex-presidente Bolsonaro?
Não.
O risco de fuga do ex-presidente Bolsonaro justifica o uso de medidas cautelares como a colocação de tornozeleira?
Uma resposta isenta exigiria exame de peças dos autos e das mais recentes investigações. Não tenho tais peças. Não posso opinar.
Como guardião da Constituição, o que quer dizer também ser guardião da democracia e da soberania, que medidas caberiam diretamente ao STF? Existe algum tipo de diálogo entre as supremas cortes dos dois países?
Não vejo ocorrer negociações entre Cortes, brasileira e norte-americana, nem isso seria apropriado. Tribunais decidem sem negociações, evidentemente.
O senhor acha que, ao proclamar a soberania do Brasil, o presidente Lula prejudica as negociações sobre as tarifas impostas por Trump?
A questão das tarifas é uma questão comercial entre as duas nações e, assim, deve ser tratada, a meu ver.
Qual é a fundamentação jurídica para um país sancionar ministros da Corte de outro país porque alguma decisão o desagrada?
Isso é uma extravagância, é inacreditável. Acho que a diplomacia americana está ao largo disso. É uma pena.
Como vê o argumento de que o ex-presidente é alvo de uma perseguição política da parte do STF?
Na minha experiência de mais de 50 anos a serviço do Direito e da Justiça, aprendi uma coisa muito simples: sempre que a defesa se faz acusando o juiz, é sinal de que os legítimos fundamentos da defesa se escassearam.
Que riscos a economia brasileira correrá, caso as tarifas persistam, no todo ou na parte?
Os riscos serão enormes. A indústria e o agronegócio devem participar das negociações, mesmo porque há pontos que, de certa forma, são contraditórios. O doutor Alckmin, vice-presidente e ministro de Estado, tem conduzido, com a diplomacia brasileira, negociações comerciais.
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