Caminho da Luz renova parceria com a Prefeitura e amplia atendimentos
Exemplo
Assistido pelo Caminho da Luz é aprovado na Unipampa

Divulgação FS - Pedro passou pelo tradicional trote da Engenharia de Produção
Uma vitória da vida. Assim pode ser definido o ingresso do estudante Pedro Medeiros Masson, de 17 anos. Ele é um dos novos alunos do curso de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Pampa (Unipampa). Não se trata apenas de uma conquista de um adolescente dedicado aos estudos. O jovem é autista e desde os 3 anos é assistido pelo Caminho da Luz. A evolução dele é um exemplo de como a persistência e a dedicação podem trazer novos horizontes pessoais e profissionais. Trata-se de uma história que serve para lembrar a importância da conscientização sobre o autismo - que terá programação durante o mês de abril em todo o país.
A trajetória do estudante na instituição começou em junho de 2008. Levado pela mãe, Elisângela, para receber o tratamento adequado. Passou pelas áreas de Fonoaudiologia, Psiquiatria, Psicomotricidade, Educação Física e Psicologia. Prestes a completar 18 anos - faz aniversário em 17 de abril - o estudante foi selecionado na chamada regular em vaga oferecida para candidatos com deficiência da Unipampa. A oportunidade é para candidatos que tenham renda bruta familiar igual ou inferior a 1,5 salário-mínimo e que tenham cursado integralmente o Ensino Médio em escolas da rede pública. O jovem concluiu o curso na Escola Estadual Silveira Martins.
"Ele fez o Enem ano passado (2022). Eu fiz a inscrição dele no Sisu (Sistema de Seleção Unificado, programa do governo federal que seleciona estudantes para instituições federais e estaduais de Ensino Superior)", relata Elisângela. O orgulho da mãe com a vitória pessoal do filho emociona a quem convive com eles. Pedro passou até pelo tradicional "trote" após a aprovação: teve o rosto pintado, com direito a uma placa pendurada no pescoço com os dizeres "Bixo 2023 EP" - referente ao curso de Engenharia de Produção.
Mudança preocupa
A grande preocupação da mãe é com algumas novidades na rotina do estudante. Uma delas é o turno do curso, à noite. "É uma conquista dele, esforço, pois sei que para ele é difícil lidar com tudo isso, tanta coisa nova, emoções novas, adolescência, essa dificuldade de hormônios. Ele está superando todas as expectativas", revela Elisângela. Ultrapassar as dificuldades não é novidade na vida de Pedro. No entanto, a mãe não esquece os apoios que recebeu para que o adolescente pudesse chegar até o Ensino Superior. Agora, o desafio é fazer com que o jovem mantenha o interesse e a dedicação aos estudos.
"Graças a Deus ele sempre teve acompanhamento no Caminho da Luz desde os 3 anos. A tia Patrícia (psicóloga da instituição) sempre ajudando, explicando, entendendo ele, me ajudando a ajudar ele. Tem ainda a tia Max, tia Celusa (profissionais de educação física), a tia Rosângela (fonoaudióloga) lá atrás. Nossa, tanta coisa que nem sei o que dizer", fala, emocionada. No entanto, a família do jovem precisou lidar com outro problema social: o preconceito. "Tiveram aqueles que sempre se referiam a ele como doentinho. Mas a gente tirou de letra", conta. O apoio de professores na escola foi fundamental para entender a situação e incentivar o estudante a alcançar novos desafios.
"Sempre expliquei a ele que ele é autista. Há épocas que ele reclama. Mas vamos lidando com tudo isso, com nossos amigos de carne e espirituais", reforça Elisângela. A personalidade de Pedro é típica de um adolescente. Embora seja tímido na maior parte do tempo, segundo a mãe ele também é distraído, nervoso e ansioso. "Tem dias que está calmo, daí ele ajuda até a cuidar da maninha dele. Mas tem dias que ele fica bem agitado, sem paciência, muito inquieto", explica. Quando está mais sossegado, o estudante conversa, ri e faz perguntas sobre dois de seus temas favoritos: as bandeiras dos países e temas sobre a cultura dos países orientais, especialmente o Japão.
Avanço e orgulho
A psicóloga do Caminho da Luz, Patrícia Araújo, é quem atende Pedro. Ela acompanhou toda a vida escolar do jovem e não esconde a satisfação e o orgulho pelo ingresso do agora calouro de Engenharia da Produção na Unipampa. O primeiro diagnóstico do então menino foi de atraso no Desenvolvimento Neuropsicomotor e, posteriormente, os profissionais chegaram à conclusão de que se tratava de autismo. O rapaz recebe acompanhamento psicológico, psiquiátrico e participa das atividades de futsal na entidade até hoje. Aos poucos, com a confiança da profissional, o estudante foi evoluindo no tratamento e vencendo sintomas que apareciam pelo nervosismo, como dores de barriga, tiques e as indisposições de humor.
"O Pedro é um adolescente inteligente, de uma memória invejável, responsável, organizado. Ele merece estar triunfando, mas não poderia deixar de considerar o mérito da família, em especial a mãe, Elisângela, e os avós maternos, Lenir e Moacir, além da escola que sempre acreditou nele e o incentivou, e às terapias e atendimentos que recebeu e ainda recebe no Caminho da Luz", enfatiza Patrícia. A psicóloga pondera que não foi fácil, mas o agora calouro da Unipampa foi avançando e as oportunidades foram surgindo. "Parece que ouço a mãe falar...e agora Tia Patrícia? E agora vamos em frente e o Pedro será o que quiser ser", ressalta a profissional.
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