BAGÉ WEATHER

Comércio

Aciba avalia 2021 como o ano mais difícil para o setor

Niela Bittencourt - Empresas ainda são fortemente impactadas pela pandemia

No começo da última quinzena do ano, o jornal Folha do Sul apresenta a primeira de uma série de matérias avaliativas sobre o ano de 2021. Um dos setores mais impactados pela pandemia de coronavírus - isso desde 2020 - foi o comércio, que neste 2021 ainda precisou enfrentar o aumento da inflação e a escassez de insumos e de renda por parte dos consumidores. O presidente da Associação Comercial e Industrial de Bagé, Ricardo Souza, fala justamente sobre isso e os desafios já para o início do próximo ano.

FS - Quais foram os principais desafios deste ano?!

Ricardo Souza - As dificuldades de 2021 foram várias, foram todas deixadas pela pandemia. Mas o primeiro semestre, com toda a insegurança - porque em vários meses, tivemos que fechar os nossos negócios - no mês de março, no mês de abril, com o crescimento da pandemia pós-carnaval, tivemos toda uma dificuldade de trabalho.

Então, tivemos toda uma recessão ainda derivada da pandemia no primeiro semestre de 2021 e, logicamente, no segundo semestre de 2021 tivemos o acréscimo do processo inflacionário, que não é uma coisa da cidade, que é mundial - os países todos estão vivendo esse processo inflacionário, justamente porque a pandemia trouxe um custo de produção muito grande -, e isso, passado ao consumidor, trouxe esse processo inflacionário crescente que estamos vivendo. Acréscimo da Selic, dificuldade que os consumidores têm monetariamente. Então, enfrentou-se várias dificuldades no decorrer de 2021.

O principal afetado foi o comércio. Todo o comércio. Ainda o comércio de alimentação a gente tira um pouco disso. Mas o comércio de calçados, de produtos de informática, de roupas: todos foram duramente castigados pelo processo inflacionário e pela dificuldade financeira que o nosso consumidor se encontra. E, no primeiro semestre, com todas aquelas restrições do protocolo da Saúde, com pouca movimentação do consumidor, logicamente que isso trouxe um prejuízo muito grande às nossas vendas.

FS - O que mais prejudicou e prejudica o setor atualmente?!

Ricardo Souza - Dois mil e vinte foi um ano extremamente difícil, um ano onde tivemos várias paralisações. Em 2020, na verdade, o comércio como um todo viveu de datas específicas. Mas, por incrível que pareça, 2021 foi ainda mais difícil. Nós tivemos toda a sequela deixada por 2020, todas as dificuldades. As empresas já entraram 2021 com uma grande dificuldade financeira. O comércio é um tipo de negócio onde tem que existir uma expectativa de venda pra que a gente consiga trabalhar com uma certa tranquilidade, tem que existir uma previsibilidade de faturamento. A gente normalmente compra uma estação, duas estações antes. Então, por exemplo, nós estamos no verão, e já estão (as empresas) comprando o inverno e o outono. Então, as dificuldades que 2020 trouxe repercutiu muito em 2021.

E um exemplo específico disso foi a Black de 2021. Nós tivemos uma Black de 2020 ainda boa. Na de 2021, principalmente o acréscimo da inflação, o processo inflacionário criou uma grande dificuldade pra que o comércio conseguisse dar um desconto real nas suas mercadorias. Fora isso, toda dificuldade que se encontrou pela dificuldade financeira que todo nosso consumidor se encontra, principalmente pelo processo inflacionário.

FS - Quais mudanças decorrentes da pandemia fortaleceram o setor e de que forma? Isso veio para ficar?

Ricardo Souza - Temos as nossas empresas se qualificando nas vendas on-line, vendendo não só pra consumidores de fora, mas também pra consumidores do município. As empresas estão cada vez mais se atualizando e usando essas ferramentas de mídia social. Isso aí são ferramentas que vieram pra ficar.

Na verdade, nós vamos ter um acréscimo grande disso, conforme pesquisas já amplamente divulgadas. Nós tivemos um acréscimo de 9% para 21,5%, 22% das vendas on-line de produtos em 2021. Então, nós tivemos um crescimento nesses últimos dois anos das vendas on-line maior que nos últimos 20 anos. Sabemos que a venda on-line veio pra ficar, e as empresas, a gente nota, a Aciba vem acompanhando, estão cada vez se especializando mais. São situações que vieram pra ser permanentes dentro das empresas, tanto locais como as demais.

FS - Como o setor se prepara para o primeiro trimestre de 2022?! Quais as expectativas?!

O que temos de positivo neste final de ano é justamente um aumento nas vagas de emprego. Tivemos, até pelas pesquisas, um aumento considerável nas vagas temporárias e um grande aumento nas vagas fixas, aquelas vagas permanentes. Isso traz um alento pra 2022.

Em relação a 2022, as empresas, provavelmente, terão um primeiro trimestre com muita dificuldade - o processo inflacionário ainda continua crescente. Estamos com uma certa restrição das empresas receberem mercadorias. Então, isso tudo impacta fortemente na economia local.

Acreditamos que, a partir do segundo trimestre, as nossas empresas terão um pouco mais de alento e esperamos que, no decorrer do ano, com a safra, com os nossos produtos primários, as nossas commodities, a soja, o arroz, a nossa carne tendo uma valorização maior, que a gente consiga que o nosso comércio se fortaleça.

Não vai ser um ano fácil, vai ser um ano de muito trabalho, um ano de muita busca por atualizações, por novidades. Então, acreditamos que, a partir dos empreendedores, da criatividade dos empreendedores, a gente consiga transformar o 2022 em um ano produtivo.

Mínimo regional terá reajuste de 5,53% Anterior

Mínimo regional terá reajuste de 5,53%

Asilos precisam de doações neste final de ano Próximo

Asilos precisam de doações neste final de ano

Deixe seu comentário