Patrimônio
Emílio Kalil: 'O Clube Comercial é tão majestoso'

Luciano Madeira - Produtor cultural conversou com a reportagem sobre os planos
O diretor superintendente da Fundação Iberê Camargo, Emílio Kalil, chegou em Bagé na segunda-feira, por volta das 16h, e foi direto averiguar as instalações do Clube Comercial. Com ampla experiência na área cultural, ele, que trabalhou no Rio de Janeiro e São Paulo e foi curador da Mostra dos 500 Anos, uma mostra em Nova York, foi procurado recentemente por um grupo de lideranças de Bagé, entre os quais o prefeito Divaldo Lara para ouvi-lo a respeito do Clube Comercial, que poderá ser sede do teatro municipal. O encontro aconteceu na sede na fundação, em Porto Alegre.
Agora, Kalil veio a Bagé, onde primeiro foi até o prédio e ontem se reuniu com o prefeito, com a coordenadora de Relações Institucionais da prefeitura, Sonia Leite, e com o secretário de Cultura e Turismo, João Schardosim. Antes, ele visitou o Arquivo Público Municipal. Acompanhou o roteiro o professor Nilo Rossel Romero, que defende que o teatro municipal seja no prédio do Comercial.
Antes do encontro com o prefeito, Kalil conversou com a reportagem do jornal Folha do Sul. Ele, que nasceu no Líbano, mas se considera bageense, disse que é uma honra estar em Bagé e que gostaria de retribuir muito o que a cidade já fez por ele no passado. "Quando o prefeito levou o assunto Clube Comercial, eu aceitei na hora, porque o Comercial tem que ter um futuro que atenda à cidade, e esse atender a cidade é com um centro, um lugar de excelência, quem sabe um teatro, um lugar de convenções, um possível restaurante. Tudo isso é um estudo que está sendo feito, onde vamos apresentar um projeto para o prefeito, que poderá ser aprovado não só pelo Executivo, mas com toda a comunidade", pontuou.
Kalil argumentou que um trabalho desses tem que passar pela simpatia da comunidade bageense. E lembrou que Bagé sempre foi um centro importante de pensamento, e agora está de volta à cidade para trabalhar um pouco com essa memória e tentar ver o que é possível fazer com o Clube Comercial, fazendo com que ele volte a ser o um ponto de referência na fronteira - como foi em outros tempos com os bailes, eventos e jogos.
O diretor ressaltou que o teatro municipal pode ser um dos elementos. "O Comercial é tão majestoso, tem que ser um ponto de memória, um ponto de estudo, de pesquisa. Quem sabe trazer uma biblioteca, trazer um bom restaurante, mas claro que um teatro é muito importante. Bagé teve um teatro que foi demolido e não custa nada pensar nessa hipótese", falou.
Kalil reafirmou que é fundamental um teatro, mas que ele seja usado como um local para congressos. E que para tudo isso acontecer é necessário vontade política, mas ao mesmo tempo é necessário trazer apoio financeiro dos empresários e também buscar verbas públicas. "Com a Lei Rouanet tudo é possível. Não acredito que o recurso para o Comercial seja um valor absurdo comparando com obras, porque a base principal, que é a mais cara, onde seria necessário construir, já está pronta e sustentou o clube por mais de cem anos. Precisamos salvar o que já está construído para adaptar para o novo uso. Nossa ideia é transformar o Comercial em um grande centro cultural", acentuou.
Quem é Kalil
Formado em Jornalismo, Emílio Kalil foi presidente do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, diretor do Teatro Municipal de São Paulo e diretor do Grupo Corpo, em Belo Horizonte. Produziu espetáculos internacionais para as companhias de Pina Bausch, Merce Cunningham e Trisha Brown. Foi produtor da mostra Brasil 500 Anos em Nova York e atuou como diretor de Produção e Projetos da 29ª Bienal de São Paulo.
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