O Troféu Visibilidade Trans irá homenagear dois bageenses em sua segunda edição. O evento ocorre no dia 29 de janeiro, às 19h, no Teatro Túlio Piva, em Porto Alegre. A cerimônia é realizada pela Secretaria Estadual de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos e visa reconhecer homens e mulheres que atuam nas causas LGBTQIAPN+. 

Murilo Delgado, de 26 anos, é um dos homenageados. Delgado luta pela comunidade LGBTQIAPN+ desde 2017, e participa da Organização da Parada da Diversidade de Bagé desde a sua terceira edição. Além disso, é coordenador-adjunto do Grupo Diversidade Sexual e Gênero da cidade. Também fez parte do movimento que resultou no 1º Ambulatório Trans do Município em 2018, e continua participando ativamente de atos anti-homotransfobia. 

Delgado diz que é muito gratificante receber esse reconhecimento. “São anos em busca da garantia dos nossos direitos e buscando diminuir o preconceito que temos aqui na cidade, além de buscar compartilhar as informações sobre a comunidade LGBTQIAPN+ a fim de contribuir para uma cidade melhor”, pontua 

Ele diz acreditar que ainda haja questões a se avançar e construir, mas mencionou que, com o apoio das gestões municipais, estaduais e federal, a realidade pode sim mudar. Para ele, o evento serve de estímulo para que mais pessoas se empenhem a se envolver com a causa.  

“Me sinto feliz porque assim muitas outras pessoas também conseguem enxergar que temos pessoas que estão dispostas a ajudar nas suas questões aqui no município. E, receber ao lado da Pietra, que é uma referência de pessoa trans, para mim e para a cidade, é muito gratificante, pois desde o início da minha transição já acompanhava a jornada dela e vejo quanta garra ela tem. AIém de ser um importante reconhecimento do Estado para com que as pessoas não desistam daquilo que acreditam e defendem”, diz Delgado. 

A fala é sobre Pietra Simon Jardim, de 26 anos, que atua na defesa do movimento LGBTQIAPN+ e também pela comunidade surda. Pietra foi secretária do movimento surdo de 2021 a 2023, e membro do movimento Feminismo surdo. Além disso, foi coordenadora-adjunta da Aliança nacional LGBTQIA no município. Pietra relata que começou como palestrante na escola que estudava e também em escolas da região para abordar sobre surdez e transexualidade. Atualmente, atua como intérprete surda voluntária para auxiliar as pessoas surdas em suas necessidades e também faz movimentos pedindo justiça pelas mulheres trans que foram assassinadas em Bagé, assim como de outros atos anti-homotransfóbicos. 

“Esse evento foi um momento de grande importância para nossa comunidade, pois uniu pessoas em torno da luta por dignidade e respeito. Durante esse movimento, pudemos expressar nossa dor, indignação e a necessidade urgente de mudanças. Foi emocionante ver tantas pessoas se unindo para exigir justiça e visibilidade para as vidas que foram ceifadas”, comenta.  

Para ela, ações como essa fazem com que se perceba a força que a comunidade tem quando se une por um propósito em comum. “Meu ativismo é profundamente enraizado na luta pelos direitos da comunidade LGBTQIA+, especialmente pela população trans e pelas pessoas surdas. Ser uma mulher trans e surda neste país, que enfrenta altos índices de violência contra mulheres trans, é um desafio diário”, sustenta. 

Pietra ainda afirma se sentir feliz e lisonjeada de receber a homenagem ao lado de Murilo, que afirma ser seu grande amigo e companheiro de luta. 

HISTÓRICO 

No ano de 2024, a bageense Esther Medeiros recebeu a homenagem pela sua trajetória na defesa pelos direitos das pessoas transexuais e também pela luta contra a transfobia. Este ano, o troféu leva o nome de Juliana Martinelli, ativista travesti da cidade de Pelotas, que morreu em agosto de 2017. Juliana foi ativista, educadora social e integrante da ONG Vale a Vida. A cerimônia acontece no Dia da Visibilidade Trans, 29 de janeiro, e reúne 35 homenageados de diferentes localidades do Estado.