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Júri

Mochilão confessa: mandou matar e escutou tiros pelo celular

Luciano Madeira imagem ilustrativa - fireção ilustrativa -

O julgamento que levou quatro para o banco dos réus envolveu uma aparato policial no entorno do prédio do Fórum e no interior do salão do júri, nessa terça-feira. Ainda era escuro, por volta das 5h30min, quando as ruas começaram a ser trancadas. Por volta das 8h começou a chegar o efetivo da Brigada Militar, que mobilizou 50 policiais de Bagé, Santana do Livramento e de Uruguaiana. Os agentes contaram com o reforço de dois cães. Nove viaturas da Brigada Militar foram usadas. Além disso, participaram da ação agentes penais federais de Mato Grosso do Sul e 15 agentes penitenciários de Porto Alegre.

Por volta das 8h45min, chegou ao local, escoltado pelo Grupo de Escolta de Porto Alegre, Tiago Rafael Legis Ferreira (Mochilão), 36 anos, que está preso em um presídio federal. Ele era acusado de ser o mandante do assassinato de Rodrigues Sarava Rodrigues, 32 anos, conhecido por Sapatinho. O crime aconteceu por volta das 2h50min da madrugada de 6 de junho de 2019, na rua Luiz Monteiro Magalhães, no bairro Morgado Rosa. Rodrigues foi morto com um tiro na cabeça e quatro na região das costelas. A companheira dele foi alvejada com um tiro, mas sobreviveu.

Junto com Mochilão foram para o banco dos réus Joaquim Pedro Gomes do Amaral, 22 anos; Tanise dos Santos Rodrigues, 27 anos; e Rhuan Brum Silveira, 22 anos.

O júri começou às 10h30min, presidido pela juíza Naira Melkis Pereira Caminha. Atuaram na defesa dos réus, advogados de Pelotas, Porto Alegre e Pelotas. Na acusação, foram dois promotores.

Foram ouvidos como testemunhas, um policial civil e um brigadiano - com depoimento presencial. Um policial civil que morava em Bagé na ocasião do crime prestou depoimento por videconferência de Canoas, onde reside atualmente.

Encontro com as filhas

No retorno dos trabalhos, por volta das 13h, foi permitido a Mochilão um encontro reservado com duas filhas dele - ambas menores de idade. Ele é natural de Bagé. As meninas estavam acompanhadas do advogado de Mochilão e de dois oficiais do Fórum.

Depois disso, ele foi o primeiro a ser ouvido. O interrogatório começou por volta das 14h. O réu admitiu que optou por ser bandido e emendou dizendo que tem coração.

Morte na linha

Sobre o crime, ele contou que, antes de ordenar o assassinato de Sapatinho, mandou recados avisando que ele estava traficando em território de Mochilão, no bairro Morgado Rosa.

Em detalhes, o depoente relatou que, quando ordenou o assassinato, estava na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas, e que mandou executar a vitima por mensagem de WhatsApp. Inclusive, tevelou que ouviu pelo celular os tiros em Sapatinho.

Mochilão falou que, quando atiraram na mulher da vítima, ele ficou revoltado, pois não havia dado ordem para matá-la e confessou ter ficado com vontade de matar quem atirou nela.

Motoboy da facção

Em relação à Tanise, alegou não saber o motivo de ela estar envolvida no caso e que nunca teve contato com ela. Falou que as armas usadas no crime estavam guardadas na casa de uma familiar de Tanise. E fez uma confissão, ao revelar que ele mandou entregar as armas nesse local, por um motoboy que trabalha para a facção criminosa, porém não disse o nome dele.

Com respeito a Joaquim Pedro Gomes do Amaral, que estava sendo julgado, Mochilão disse que não sabia o porquê ele estava no banco dos réus, já que ele é seu inimigo. E, por fim, disse que quem atirou foi Rhuan e um menor de idade.

Madrugada do crime

O segundo a depor foi Joaquim Pedro Gomes do Amaral. Ele garantiu que nada tinha a ver com o crime, e que na madrugada do crime estava em casa cuidando dos irmãos e que não conhecia quem matou Sapatinho.

Rhuan Brum Silveira afirmou que nunca viu Mochilão, que conhecia apenas um menor envolvido no crime, para quem ele devia droga. Silveira relatou que foi convidado a participar do crime, que disseram para ele que essa seria uma maneira de ele pagar a dívida e pegar mais droga. E deu detalhes do caso. Falou que naquela madrugada bateram na casa da vítima e, como ninguém abriu, ele e o menor arrebentaram a porta da residência. E alegou ter dado apenas um tiro na mão da vítima e se defendeu ao dizer que era apenas cúmplice desse crime.

Dormindo no presídio

A última a depor foi Tanise dos Santos Rodrigues. Ela garantiu que nada tinha a ver com o assassinato e que em nenhum momento entregou armas para ninguém. Acrescentou que essas armas foram encontradas na casa de uma familiar dela.

Relatou que, na data do crime, ela, na condição de presidiária, estava no semiaberto e que, naquela madrugada, estava dormindo no Presídio Regional de Bagé.

Além disso, falou que conheceu Mochilão no presídio e os outros dois réus, ontem, no salão do júri.

Por volta das 17h, começou a atuação da acusação, que tinha duas horas e meia para se manifestar. Às 19h, ninguém mais pôde ter acesso ao salão do júri.

Durante o julgamento, foi permitido o acesso de familiares dos réus, mas só podiam entrar em dupla e sair para liberar o acesso para mais dois.


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