BAGÉ WEATHER

Entrevista

Presidente do Tribunal de Justiça fala sobre os desafios do Judiciário gaúcho

Gabriela Barcellos imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Desembargadora vem fazendo história ao longo de sua carreira na magistratura

Por Gabriela Barcellos

A desembargadora Íris Helena Medeiros Nogueira vem fazendo história ao longo de sua carreira na magistratura. Natural de Pelotas e graduada pela UFPEL, ingressou na carreira em março de 1985. Em 2016, ano em que completou 30 anos de carreira, entrou para a história do Judiciário gaúcho ao se tornar a primeira mulher a ocupar o cargo de corregedora-geral de Justiça, que exerceu até 2018. Integrou, como eleita, o Órgão Especial do TJRS, presidiu o Conselho de Administração, Planejamento e Gestão, Comitê Executivo do Planejamento Estratégico e o Comitê Orçamentário de 2º Grau no biênio 2020/2021. Membro nato do Conselho Deliberativo da Associação de Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris), o qual presidiu no biênio 2006/2007, e diretora da Escola Superior da Magistratura entre 2008 e 2009. Neste ano, mais um feito histórico: se tornou a primeira mulher a e a primeira negra a presidir o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.
O Folha do Sul conversou com a Desembargadora sobre seu mandato e seus desafios a frente do Judiciário gaúcho.

FS: A senhora é a primeira mulher a presidir o TJRS e a primeira negra. O que isso representa?
Íris Helena: É uma grande felicidade e uma grande responsabilidade. É um grande desafio estar à frente de um tribunal de grande porte como é o gaúcho, tendo certeza de que os olhos são voltados para nós em razão do pioneirismo, e que isso só aumenta a nossa responsabilidade. Sou uma magistrada que tem 37 anos de carreira, dedicados a causa da Justiça, e isto seguramente me habilitou a ascender ao cargo de presidente. E não estou sozinha. Temos uma administração e todo o quadro do Judiciário ao nosso lado para melhor fazer pela causa da Justiça.

FS: Como vê a participação da mulher na magistratura?
IH: A caminhada da mulher é muito longa ainda em termos de ocupação de cargos de destaque, de poder, de liderança. Mas eu tenho que isso está crescendo e muito. No Judiciário gaúcho dentre as magistradas já temos um percentual de 53% de mulheres e dentre as servidoras 58%. Isso significa que o concurso público de provas e títulos realmente nos traz a segurança de paridade e de igualdade - é nossa competência, formação, nosso conhecimento, que faz com que galguemos aprovação.

FS: A senhora tem visitado cidades do interior. Qual a importância dessa descentralização?
IH: É uma aproximação. Nada como uma boa visita, como o contato pessoal para que afinemos o discurso. Digo que essas visitas substituem uns dois mil ofícios. E in loco estamos nos nossos prédios, estamos no Executivo e Legislativo municipal, na subseção da OAB, buscando conhecer e saber da opinião a respeito dos serviços que estão sendo prestados pelo Judiciário e buscando, junto com eles, construir soluções para eventuais dificuldades, um futuro muito melhor, e o melhor atendimento à nossa comunidade.

FS: Em seis meses à frente do TJRS, quais os principais desafios e como vem enfrentando-os?
IH: Podemos falar nas consequências que a pandemia deixou a todos nós. Digo que estamos em um período de 'pré' pós-pandemia, chegando lá. E o desafio é realmente começarmos a tomar conhecimento de alguns assuntos que instam a nossa resposta imediata. Temos muita preocupação em prover os cargos vagos e estamos conseguindo, já que não temos mais a limitação legal que tínhamos até dezembro passado, que nos proibia o aumento de despesas e contratações. Demos posse a 92 novos magistrados no dia 1º de julho. As comarcas de entrância inicial serão todas providas com colegas titulares. O ingresso de novos colegas significa movimentação na carreira e preenchimento de vagas. Significa que estamos colhendo frutos da administração anterior no sentido de nomear servidores, seguir o processo de digitalização dos nossos processos, o que traz celeridade.

FS: Ainda que o TJRS seja um dos mais céleres, o que ainda é possível fazer para reduzir a morosidade do judiciário brasileiro?
IH: Estamos investindo muito nos centros de mediação de conflitos. As medidas de conciliação, com a aproximação das partes litigantes, vêm sendo tomadas pelo Judiciário há anos, começando com os juizados especiais cíveis e criminais, que cresceram e dão uma resposta mais célere porque o rito das tramitações é mais rápido. A digitalização é um marco. O processo eletrônico é um marco seguro de agilidade, de resposta, de ultimação dos processos. Nos leva a sentença com maior rapidez. Antes era papel, folha por folha. Numera, rubrica, junta, leva para o gabinete, faz carga, procura processo. As vezes tinham petições empilhadas aguardando a juntada no respectivo processo. Tudo isso se foi, se resolve tudo em um click. Estamos caminhando a passos largos e acreditamos que até o final do ano a digitalização se conclua em todo o Estado. Teremos um novo momento, um novo Judiciário, 100% digital. Além disso, o treinamento dos nossos servidores e magistrados para o uso do e-Proc, que é o que abriga nossos processos eletrônicos.

OAB divulga manifesto em defesa da democracia Anterior

OAB divulga manifesto em defesa da democracia

Bageense que está em presídio federal será julgado na comarca local Próximo

Bageense que está em presídio federal será julgado na comarca local

Deixe seu comentário