Conflitos
Os desafios para a saúde mental diante de eventos chocantes

Reprodução FS -
O Setembro Amarelo passou, mas não o período de abordar a importância da saúde mental. Aliás, esse tema está cada vez mais em destaque, sobretudo nas redes sociais, onde muitas pessoas encontraram espaço para abordar suas questões. Ao mesmo tempo, é por meio das redes que as mais diversas notícias são disseminadas. Por vezes, há quem se afaste desse espaço onde o usuário recebe informações o tempo todo justamente em prol de sua saúde mental. Neste 10 de outubro, Dia Internacional da Saúde Mental, a reportagem conversou com a psicóloga Dilce Helena Alves Aguzzi sobre como lidar com o excesso de informações sobre acontecimentos como as recentes enchentes, a violência crescente e os conflitos mundiais.
FOLHA - Como se informar sobre acontecimentos (violência, enchentes, bombardeios) e não deixar isso nos abalar profundamente?!
DILCE - Essa percepção de que a saúde mental está sendo desafiada diariamente e a conexão com os eventos que chocam nos noticiários é bastante importante. Saliento a relevância do autoconhecimento.
Sabendo como cada um reage a determinadas situações fica um pouco mais possível de administrar. Por exemplo, pessoas mais sensíveis devem controlar os horários e situações que vão fazer contato com as notícias.
A velha prática de almoçar ou jantar assistindo noticiários não é mais tão recomendada, pois frequentemente torna-se bastante ansiogênica e indigesta, frequentemente as pessoas vão às lágrimas ou sentem dificuldades para dormir, palpitações e demais sintomas de ansiedade.
FOLHA - Pessoas bastante empáticas tendem a sofrer mais como essas situações. Como lidar de modo que essa característica, por vezes benéfica, não se torne um peso e atrapalhe a saúde mental?!
Dilce - A empatia e a sensibilidade são características humanas bastante importantes, mas que são constantemente desafiadas ao limite por conta de tanta conectividade, instantaneidade das notícias e ocorrências pelo mundo.
A dica é sempre consumir as notícias dentro do limite que se possa elaborá-las. De que adianta ficar sabendo tantos detalhes de coisas que não conseguimos assimilar, compreender ou até mesmo aceitar?
Não se trata de eu defender que sejamos alienados para sentir menos dor, mas sim de buscar compreender as questões que nos afetam, aceitar, elaborar, digerir mesmo antes de consumir mais.
Vivemos uma era de hiper intoxicação de estímulos, alguns são bons, outros são perturbadores. Se contabilizarmos ainda que durante a pandemia de covid-19 fomos submetidos a níveis além do normal de notícias estressoras, terror e pânico diários por um longo período, poderemos ter uma dimensão mais realista do grau de estresse e sensibilidade que a maioria das pessoas ainda está lidando em consequência disso tudo.
Deixe seu comentário