Todos são iguais perante a lei. Que bonito e justo, se fosse seguido à risca. Mas não é. Alguns são “mais iguais que outros”. A Suprema Corte de um país, no caso em apreço é o Brasil, está formada para defender ou punir os políticos com o tal “foro privilegiado”, que nada mais é que separar a casta da plebe. O que mais depõe contra o Supremo é a indicação do presidente da República, com a sabatina do Senado, formado por políticos. Então, para início de conversa, a formação do STF tem cunho político. Pode até ser levado em consideração, em alguns casos, o saber jurídico. Mas a política é a base de tudo. Em coluna anterior trouxe a relação da composição atual do Supremo onde há ministros indicados por diferentes partidos. Agora mesmo, a indicação de Alexandre de Moraes teve o dedo do PSDB, no qual era filiado. Por que Temer aceitou? Porque os tucanos agora são seus aliados. E o Supremo tinha apenas um nome do PSDB, nomeado, na época, por Fernando Henrique. No intuito de equilibrar as forças e para manter a base unida, Moraes será o novo membro do partido a guindar a cargo tão importante. Marco Aurélio Melo é considerado “único soldadinho com passo certo” porque tem se manifestado, quase sempre contrário às decisões da maioria. Pois, ontem, ele mostrou algo que poucos têm enfatizado. Eu já vinha de olho em suas decisões que, embora contrariem a maioria, têm sua lógica. Pelo menos para um leigo como eu. Há poucos dias ele liberou uma liminar, retirando Renan Calheiros da presidência do Senado. Seguiu a maioria que, em decisão anterior, retirou Eduardo Cunha da presidência da Câmara. Pois derrubaram sua liminar. A justificativa foi de que “cada caso é um caso”. A pergunta da época ninguém respondeu: ”Renan e Eduardo não são acusados por enriquecimento ilícito? Por se apropriarem de dinheiro “sujo” pertencente ao povo? São. Por que o Supremo cassou um e deixou o outro? Hoje a resposta é simples: Renan tem a maioria no Supremo e Eduardo não. Antes que pensem que estou contra a prisão de “mafiosos” afirmo: eu gostaria de ver ambos presos. E não só eles. Os crimes cometidos são iguais. O Senado deveria ter cassado Renan assim como a Câmara cassou o Eduardo. Ambos perderiam o foro privilegiado e estariam nas mãos de Moro. Pois, ontem, o Supremo se reuniu para julgar uma decisão de Teori, ainda no ano passado, que não concedeu liberdade a Eduardo Cunha. Presentes nove ministros, uma ausência (Lewandowski). O único voto favorável à liberação de Cunha foi exatamente de Marco Aurélio Melo. Até aí será levado pelo caminho de que “o homem é contra a tudo e polêmico por natureza”, inclusive confessado por ele mesmo. Pois é, mas ele deixou um pergunta no ar, que poucos irão comentar:“Se Eduardo Cunha não tivesse sido cassado e mantivesse o foro privilegiado - assim como Renan -, estaria preso? A resposta qualquer leigo pode dar imediatamente: não. Se os leitores quiserem saber a verdade, o número de denunciados pela Odebrecht, 58, está à disposição na mídia impressa nacional. Basta acessar. Ali constam grandes líderes de partidos que, hoje unidos, formam o “time” que está montando sua defesa. Desde o presidente da República até alguns ministros, políticos e dirigentes partidários. Começa tudo pelo tribunal. Estando com ministros “amigos”, no mínimo estarão garantidos no cargo até o final do mandato. Nada irá acontecer. Resta o quê? O voto da população na próxima eleição. Banir da vida pública o máximo de corruptos denunciados. Aí, leitores, eles deixarão de ter foro privilegiado e cairão nas mãos do Moro. É exatamente contra isso que os corruptos lutam. Querem cair nos “braços” do Supremo, muito mais aconchegante que os de Moro. Minhas conclusões são baseadas em fatos, facilmente comprováveis no noticiário da imprensa nacional. Agora, por exemplo, Carlos Veloso é o nome em pauta para exercer o Ministério da Justiça, encarregado de comandar, entre outras, a Polícia Federal. Ele foi nomeado para o Supremo - onde exerceu a presidência -, pelo então presidente Sarney. Isso em maio de 1990. Hoje, ele é indicado pelo PSDB que, dessa maneira, também escala alguns de seus bons jogadores para o time de “astros” montados pelo atual governo. Ainda não aceitou. Mas a lembrança de seu nome e as conversas mantidas com o atual presidente mostram que o “treinador” está visando à vitória neste campeonato. É claro que entendo a formação dos ministérios - para dirigir um país (estados e municípios não ficam de fora) - depende da negociação da base política. Mas não é proibido que se mostre a “ficha técnica” dos lembrados. Faz parte do jogo. Mesmo que eles não aceitem o cargo. A lembrança de seus nomes mostra a intenção. Ou não?